A ARTE QUE APARECE NAS RUAS
Como um dia qualquer, um transeunte cruza distraído a esquina por onde passa todos e dias a caminho do trabalho. Já nem mais presta atenção nas coisas que fazem parte do percurso. E de repente, vê que a faixa amarela no meio da rua traz uma tomada pintada. Passar sem dar importância, sorrir e admirar ou achar uma grande besteira são reações possíveis. De qualquer forma, por um instante, aquele pedaço da cidade ganha um pouco de vida e ainda dá uma mensagem.Esse tipo de ação é chamada intervenção urbana.
Diferentemente dos grafites e das pixações, feitos principalmente com a aplicação de tinta em muro, as intervenções brincam com acréscimo de objetos e esculturas, pinturas em locais inusitados e com pequenas ações que quebrem a rotina visual de um lugar.
O artista canadense Peter Gibson cria intervenções urbanas nos sistema de sinalização desde 2001 quando começou a pintar (ilegalmente) bicicletas no asfalto, protestando contra a falta de espaço para ciclistas em Montreal. Com a técnica do Stêncil, Gibson criou inusitadas obras no espaço urbano, alterando as ruas da cidade através de suas brincandeiras com os sinais e indicações rodoviárias.
A intervenção pode ser de várias formas, usando stêncil (técnica cuidadosamente preparada em casa para depois fixar em paredes), fazendo performace ou criando instalação. É sempre inusitada, realizada a céu aberto e sempre carregada de um caráter crítico, seja do ponto de vista político, ideológico ou social, referindo-se a aspectos da vida no movimento frenético das cidades.
Não tem como eu falar de intervenção urbana e não falar de Banksy um dos representante desse movimento que têm levado a arte para transeuntes. Eu sou uma admiradora do seu trabalho, admiro seus desenhos ricos em detalhes. Suas gravuras possuem um conteúdo político, rebelde, que se derrama em sarcasmos tão violentos quanto sutis e se misturam a uma grande indignação e provocação.
O homossexualismo junto às forças policiais, criação de guerras para fins lucrativos, exploração do trabalho infantil, consumismo exagerado e hábitos frívolos das populações em qualquer parte do mundo são alguns dos temas explorados por Banksy como podemos ver nestes desenhos que eu selecionei.
São protestos que podem ser compreendidos por qualquer cidadão de qualquer parte do mundo. Por isso, o conteúdo de sua obra tem um alcance global.
Assim como a situação do transeunte narrada no início do texto a mesma situação aconteceu comigo. Numa tarde, estava eu passando pela praça do Colégio Normal e me deparei com um desenho de um menino segurando uma pipa. Parei por um instante e rapidamente veio-me as lembranças da minha e infância, enquanto carros e transeuntes passavam apressadamente. A arte, naquele momento, mexeu comigo. Interferiu no meu estado. A arte deu seu recado.
Os desenhos são de Arisson Sena, uma artista plástico conquistense que tem alguns desenhos espalhados por Conquista. São desenhos tão singelos e coloridos pintados no tom cinzento do concreto!
Um outro trabalho de intervenção urbana aconteceu em fevereiro, em cinco pontos da cidade. Foi o projeto Múltipla Cidade que tinha como tema o ir e vir das pessoas.
Frágeis,efêmeras, críticas ou simplesmente divertidas, as intervenções urbanas tentam deixar marcas na cidade.Nem que seja apenas uma reação momentânea de quem vive nelas.
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