Foge mulher-maravilha! Foge super-homem. Fujam porque a música aqui na Bahia, principalmente no verão, não tem mais jeito. Nem os poderes dos super-heróis da liga de justiça conseguem exterminar esta música deprimente que chamamos axé, pagode ou sei lá o que.E o que é pior.... para o ano tem mais.
Eu digo isso porque cada ano que passa somos surpreendidos por músicas que conseguem ser bem piores. Este texto, aí embaixo, é de meu amigo e poeta Maviael Melo. Ele me enviou no ano passado. Mudam-se as músicas, mas a qualidade continua a mesma. Péssima!
PARA O ANO TEM MAIS!
Deve ser pelo menos estranho alguém achar a alegria triste, ainda mais sendo nesse período tão alegre; festa de momo, de troças, de confetes, serpentinas, enfeitando salões onde Pierrôs e Colombinas bailam entre os sonhos das doces “alegrias.” Deve ser estranho pelo menos o ato de achar dentro dessa alegria tanta tristeza, entrando nas festas de carnavais, onde sempre se libertam os “in-libertáveis”, provocando os risos de outras tristezas. Hoje foi acionado o botão da alegria! Libertem os sorrisos. Tomem as vossas chaves!
Uma quinta-feira alegre, invadindo a sexta, de mansinho, um vinho suave e seco, um gosto cheiroso, a vontade de voltar praquela quinta. Aquele cigarro, um sarro, outro sonho... JÁ É CARNAVAL!
Sinta! Acorde pra ver o sol! Reluzindo em faces, os sorrisos das noites passadas; ou simplesmente dormes, sonhes! Sentirás garanto as brisas de todos esses sorrisos. E que risos? Nesses acordes.
Um carro, um semáforo, em fila, homens em fantasias. Já é carnaval Cidade! E a “musica” toca. Música? Qual música? Parece estranho, quanta gente espera o ano inteiro pra se fantasiar e sair sorrindo, brincando naquela música. Mas, e aquela música? É música? Quatro homens, um carro, um semáforo, uma “música” (MUSICA????), fantasias...” Balança pra cá, balança pra lá, e vai em baixo, e vai em cima!” Esses risos! Nessas músicas. Que musicas? Acordes.
Ando procurando um termo pra essa “música toda” que aí está exposta! Quanta costa pra lavar, entupidas de sorrisos, e que belos sorrisos, bailando por entre aquela música; e que música!!!! “EU VOU TE COMER! EU VOU TE COMER!” Alegria de canibais. Fome do nada. Alimento de fantasias e pensamentos.
“Estava a toa na vida....” quem dera voltar àquela alegria, pra ver a banda passar. Deve ser estranho ver tanta alegria e tanta tristeza nesses sorrisos cativos dentro dessa música! Quais?
Música e Pensamento se fundem. Tempos distintos. “Atrás do Trio Elétrico, só não vai quem já morreu!” E já morreu, morreram... Tem que ter KUDURU pra se divertir! Quem disse? Essa Música?
Segues então. É teu direito de ouvir, sorria! Amanhã ainda é sábado; Ensina aos teus, “remexe pra lá, remexe pra lá!” Sai do chão! Ergue-te e andas, conduz teu próprio trio. Afinal, quem já morreu! Morreu. Segue o teu pensamento, mate aos poucos teus sonhos de carnavais, obriga-te, reforçando o termo, a ti mesmo, seguir a fantasia dos outros, ou tira a tua máscara e volta aos sonhos dos sorrisos sinceros, das músicas, nossas músicas: AH! IMAGINA SÓ QUE LOUCURA ESSA MISTURA! Mistura-te aos sons, as danças... VOLTEI RECIFE! Abre teus braços nessa ciranda, de quem mora na ilha.
Viajas, é melhor. Faz o teu carnaval! Pierrôs e Colombinas namoram à beira do cais. Confetes e Serpentinas se lançam perfumes ao ar... Versos e Sonhos... Fumaças.
Segues em frente sempre, não desista, mas já é carnaval. Nada mais funciona! Entenda que essa é a leitura desse mundo, dessa música. Partituras partidas ao meio. Receio.
Ainda há solução! Sorria e continue assim com sua música, a nossa música: Varre, Varre, Varre vassourinha! Varres de vez, limpa as nossas salas, Libertas os tapetes, pra que não fique nada entre ele o solo. Solos e Sopros, Risos e Gaitas, Passos e Gingas. Já é carnaval!
Parece estranho pensar nessa tristeza, dessa alegria. Fantasie um mundo, cria-o agora, e na quarta-feira, nas cinzas nada terá sido em vão.
Vão com suas músicas, as minhas, Escolho-as eu próprio. COLOMBINA EU TE AMEI, MAS VOCÊ NÃO QUIS!
Enfim, já é carnaval, aqui e em todo canto. Que seja sonoro em cada um, conforme mereçam os seus ouvidos. Eu canto o meu canto de paz! “Não adianta chorar o leite derramado, nem ficar remoendo o que ficou pra trás...O bloco já passa na avenida, já é quarta feira e amanhã não tem mais!”.
Despertas, olha aquele povo, na tua esquina, aquela música! De novo! Que música? Pra ele não é apenas fantasia de carnaval, é real! Continue então, abrace-os, siga-os, mas não me venha com essa ressaca moral. Cada um escolhe a música que merece.
Oito homens, um semáforo, um carro, uma mala, um som, não é musica! Já não é mais carnaval! É real! Entupa-se! Ano que vem tem mais! Doze, vinte e quatro, quarenta e oito, homens, carros, semáforos num engarrafamento de bufas sonoras. Cheire-as, é melhor do que não ter nariz.
Liberte-se! Você é o seu carnaval! Divirta-se! Para o ano tem mais!
Escolha!
Maviael Mello